sexta-feira, 1 de julho de 2011

Lembranças e Relações

                                  
         A obra “Jardim da Infância”, de Lia Menna Barreto fez-me lembrar dos brinquedos da minha infância, quando qualquer tampa de tonel virava utensílio doméstico para a “brincadeira de casinha”, brincadeira preferida das meninas, com suas bonecas de pano; e os carrinhos de madeira artesanal ou as rodas de girar, conforme a corrida de cada competidor, eram a alegria dos meninos.
         Nas imagens que observei pude relembrar cenas da infância e adolescência em que “tudo” era tão simples. Não éramos escravos da tecnologia moderna e passávamos o tempo livre inventando. Inclusive, nos encantávamos com brinquedos feitos por irmãos mais velhos (primeira família do pai) como sofás feitos com caixas de fósforos. E brincando nos arredores de casa, embaixo das figueiras (ou subindo e competindo para ver quem tinha coragem de subir mais alto) como dentro de casa, na varanda, ao redor da mesa da cristaleira. Também convivíamos muito com os adultos, ouvindo suas histórias e tínhamos ajuda com os temas da Escola.
          A imagem que me reporta ao mundo da educação escolar (estou aposentada) é a das cadeiras em círculo. Cadeiras quebradas e diferentes que lembram que cada aluno é um ser individual e que manifestará suas facilidades (habilidades) ou dificuldades (ausência de habilidades), manifestando suas qualidades e defeitos, traços marcantes de sua personalidade que, no convívio, necessitam da figura do mediador (quase sempre o professor) para resolver os conflitos de forma pacífica, desde o Jardim da Infância, isto é, desde o momento em que entra na Escola e começa a compartilhar objetos, espaços e também pessoas (o aluno do currículo por atividades é muito possessivo por causa da idade).
          A entrada na Escola é um ritual que nem sempre acontece de forma tranqüila e, mesmo que tudo aconteça como pais (familiares ou responsáveis) e professores desejam, é preciso sempre um olhar individual atento para todos os alunos, que necessitarão de cuidados especiais até o final da adolescência; outro período que exige muita paciência e amor por parte de pais e educadores. Cada ano ou cada turma é uma “caixinha de surpresas” que o educador perspicaz vai abrindo aos poucos até ter conhecimento que o habilitem a traçar um bom plano de trabalho, que nem sempre garante total sucesso.  Esta incerteza faz parte da vida profissional de qualquer educador.
          Os educadores da atualidade têm responsabilidade, independente da política educacional (Município, Estado, União), de fazer “o seu melhor” pelos alunos, a cada novo ano letivo, porque o presente passa, e o futuro está sempre muito perto, e a afetividade que não foi demonstrada não pode ser facilmente resgatada, nem mesmo em consultórios médicos ou em terapias de grupos de apoio.


Texto produzido em uma disciplina anterior, a partir da obra "Jardim da Infância".

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